Mineração de Criptomoedas. Extrativismo lunar. A volta dos PCS de mesa. A era dos Gamers. Com a ascensão do cyberpunk — fenômeno da subcultura normcore, sucessora da cultura hipster — os calçados estão com design cada vez mais agressivo com solados brutais, primando durabilidade e conforto acima da estética. Eles, que há milênios testemunham conflitos, sem dúvida estão mais atuais do que nunca: Os coturnos.

Bem longe de mim, mas beeem longe mesmo querer embarcar em polêmicas desnecessárias. Por isso, neste texto, eu evitei usar o termo “revolução”, e sim “conflito”, para não parecer que sou pró-ditadura. Este texto estava agendado para ser postado na última semana de Março. Mas com a recente polêmica no entorno da mais nova modinha — pessoas que comemoram o golpe de 64 — eu preferi adiar a publicação. Ser blogueiro tem dessas, precisamos alterar o conteúdo já pronto para se adequar a mudanças na sociedade.

por favor, se for comprar, saia de perto de mim
Sendo basicamente qualquer tipo de bota que tenha solado mais rígido e cano pouco abaixo dos joelhos, a história dos Coturnos data dos tempos da Grécia antiga. Por volta de 405 a.C — os teatros eram em formato de arenas abertas. Durante as performances, os atores utilizavam um truque visual para se tornarem mais altos e visíveis para a plateia. Utilizavam os Cothurnus (latim), sandálias com solado em formato de plataforma para ficarem mais proeminentes no palco. O termo foi herdado pelos países de língua latina, originando a palavra Coturno. Enquanto que nos países saxônicos, ficou conhecido como Combat Boots.

Já tive um desses. Aguentou trilhas insanas, recomendo!
Por milênios, os coturnos foram utilizados somente por exércitos e cavalaria de forma puramente funcional. Foi nos anos 50 que ganharam espaço na cultura de consumo em massa. O médico alemão Klaus Martens, após lesionar o tornozelo esquiando, fabricou para si botas de couro macio e com solado formado por vincos que tinham a função de amortecer. Pouco tempo depois, as botas se tornaram uma moda extremamente popular na Inglaterra e nos EUA através da Dr. Martens, icônica marca de coturnos que existe até hoje.
Na década de 70, o design militar e agressivo dos coturnos foi ressignificado pelo movimento Punk, que transformou a bota em um ícone de moda e expressão anti-establishment através de estilistas como Vivienne Westwood e Anna Sui.

Se tornou também um ícone da cultura SM — sadomasoquism — através de modelos fabricados em vinil. It’s so fetch! Bem importante lembrar também que apesar dessa fusão cultural com a moda, o coturno possui diversos usos: Hipismo, skiing, paraquedismo, motociclismo, militarismo, trekking.

Mano, me apaixonei por esse coturno da John John!
Em se tratando só de estilo, o coturno, devido a seu design agressivo, sempre vai monopolizar a direção do olhar. Seja qual for a roupa, eles sempre serão a peça principal do look. Jeans modelo skinny, saias acima dos joelhos e vestidos curtos funcionam muito bem.

São perfeitos para deixar os pés quentinhos em dias de frio e impermeabilizados em dias de chuva, por isso não recomendo bermudas. Ter um coturno sempre lustrado e bem cuidado é importante. Nada que um hidratante — desses de latinha mesmo — não resolva.
