Salve moçada do Salve Jack, tudo joinha? Cada pessoa chama essa peça de vestuário de um jeito: Camisa lenhador, xadrez, country, flanela. E nenhuma dessas terminologias esta errada haha. A camisa xadrez lenhador — modo como vou chamá-la — sofreu uma profunda ressignificação cultural ao longo do tempo para chegar ao formato que conhecemos hoje.
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As padronagens Xadrez surgiram na era medieval. Na região da Escócia, as listras coloridas eram usadas não só para detalhe estético. Mas a forma como as listras eram posicionadas identificava clãs, regiões e famílias.

Existem diversas variações de padronagens, sendo as mais famosas identificadas como Tartan, Buffalo plaid, Argyle, Burberry e Madras.
Em 1850, A Woolrich Inc. — fábrica têxtil mais antiga dos US — introduziu a fabricação de peças de vestuário e cobertores com a padronagem Buffalo Plaid, se tornando um hit instantâneo.

Até então sendo uma peça de vestuário mais conhecida por lenhadores, nativos indígenas e moradores da área fronteiriça entre EUA e Canadá, foi na década de 90 — com o surgimento da sub-cultura Grunge, em Seattle, Washington — que as padronagens ganharam ressignificação cultural.
Artistas como Kurt Cobain (Nirvana), Eddie Veder e Jeff Ament (Pearl Jam) vendiam um estilo de se vestir que era despreocupado, desconstruído, mais focado em conforto do que com estética. Isso influenciou fortemente a geração de jovens daquela época. Foi aí que a camisa Xadrez virou um ícone cultural urbano e hype que nunca mais saiu de voga.

Além da flanela — que é um tipo de camisa feita com um fio que lembra lã e que esquenta pra caramba — também passaram a ser fabricadas camisas de padronagem feitas com malha e coton.

Anos mais tarde, a terrível recessão de 2008 abalou as estruturas de todo o mundo, mudando o comportamento do consumidor que passou a optar por bens mais duráveis e rústicos. A geração millenial — jovens nascidos entre o fim dos anos 80 e início da década de 2000 — passaram a consumir massivamente produtos com aspecto vintage e artesanal criando uma sub-cultura.

A esse movimento deu-se o nome de hipster culture. Marcas centenárias ao redor do mundo, como a própria Woolrich Inc — que inseriu a padronagem xadrez — dentre outras como Red Wings Heritage — famosa por suas botas de lenhador — viram seus lucros aumentarem vertiginosamente com essa onda de consumo.

De olho nesse filão de mercado, marcas do público jovem como Levi’s, Guess, LV, passaram a criar diversas coleções usando a padronagem como base, transformando mais uma vez a camisa Xadrez numa peça de vestuário ultra-master-blaster-xovem-hype.
Foi aí, que por volta de 2009 surgiu o Lumbersexual, um consumidor que vive em grandes centros urbanos que se veste como se vivesse numa fazenda. Nessa época tudo era vintage. Não por coincidência, bem nessa época surgiu o nosso amado Instagram. Dá pra perceber pelo conteúdo e estética desse blog, que eu sou lumbersexual assumido né? kk
Pra finalizar, assim como foi com o grunge, a hipster culture esta saindo de cena e dando lugar a um novo movimento, chamado de normcore. Para o amor de muitos e ódio de outros, a camisa xadrez já teve seu pacto renovado com essa nova geração também.
Fontes de pesquisa:
[1] https://pieceworkmagazine.com/a-brief-history-of-buffalo-plaid/
[2] https://historyimagined.wordpress.com/2017/06/16/big-jock-mccluskey-and-the-buffalo-plaid/
[3] https://www.thecanadianencyclopedia.ca/en/article/lumberjacks
[4] https://jordandetmers.com/2014/11/14/why-hipsters-dress-like-lumberjacks-the-story-of-the-lumbersexual/